Matéria do 11º ano
Uma síntese da:
a) Estrutura do ato de conhecer
b) Análise comparativa de duas teorias explicativas do conhecimento:
c) Empirismo e racionalismo (Empirismo de David Hume e racionalismo de Descartes
d)Racionalismo de Descartes
pag. 1 e 2 análise fenomenológica
O Problema do Conhecimento
A experiência de conhecer é comum a todos os seres humanos
O que é conhecer?
Quem é que conhece?
O que é que se conhece?
Como se conhece?
Todo o ser humano no seu quotidiano tem a experiência de conhecer várias coisas que vai desde o simples objeto de um lápis até algo mais complexo mas não podemos esquecer que devido á sua complexidade como individuo o nosso entendimento ou a perceção através dos sentidos não depende apenas dos atributos fisiológicos da nossa visão ou da nossa audição pois podemos atingir conhecimentos abstratos, raciocinar e refletir de formas diferentes uns dos outros e manipular a realidade conforme a nossa personalidade.
Embora o nosso conhecimento seja possível inicialmente através da estrutura fisiológica dos nossos sentidos estes captam e dão significado a certos estímulos e ignoram outros.
Todo nosso conhecimento provém ou edifica-se a partir da sensação .
As sensações ou informação que recebemos são decifrados por cada um de nós que chamamos o sujeito de conhecimento. Esta interpretação envolve uma disposição das sensações num todo significativo que é o conhecimento perceptivo ou compreensivo e temos inicialmente a apreensão da realidade.
Esta captação ou apreensão é que vai retratar na nossa mente, sujeito, a realidade em si mesma.
Recapitulando o conhecimento perceptivo envolve sempre um sujeito (aquele que conhece) e um objeto (é aquilo que é conhecido ou representado na mente).
Não podemos esquecer que é através dos sentidos (o sujeito) capta ou apreende determinada informação ou dados a que posteriormente confere ou dá significado e edifica ou constrói uma representação mental ou o objeto.
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Daí que a estrutura do ato de conhecer debruça-se sobre problemas gnosiológicos ou por outras palavras estuda as relações entre sujeito e objeto.
Relativamente ao objeto construído pelo sujeito não é tão linear como parece. Exemplo:
Eu (sujeito) estou a ver um concurso de dança em que participam vários elementos que vão ser avaliados (neste caso os elementos que participam neste concurso serão o objeto-aquilo que é conhecido ou vai ser conhecido).
Eu (sujeito) apreendo ou construo na minha mente através dos meus sentidos determinados dados e vou construindo uma representação mental ou uma exposição ou por outras palavras vou formando uma opinião mental acerca do objeto, (os elementos que participam no concurso).
Entretanto estou acompanhada por uma amiga que também está a fazer o mesmo que eu.
Estaremos as duas através dos nossos sentidos a captar o mesmo?
Pode ser que sim mas o mais certo será um não porque o sujeito que conhece (cada um de nós) dá um significado aos dados que recebeu conforme a sua própria estrutura ou seja as suas experiências vividas, os conhecimentos já adquiridos previamente, a influência do meio em que vive, as suas crenças etc.
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QUADRO – ESQUEMA – O CONHECIMENTO
CONHECIMENTO
SUJEITO OBJECTO REAL
aquele que conhece aquilo que pode ser conhecido
SENSAÇÃO múltiplas informações acerca da
Apreende realidade (dados)
PERCEPÇÃO realidade para nós (e não a
Configura e a realidade em si
Interpreta
RAZÃO modelos explicativos,
Compreende, interpretativos da realidade
Explica e generaliza (o conhecimento propriamente dito)
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CONHECER
É construir representações (objetos gnosiológicos) a partir da relação estabelecida entre sujeito e objeto.
Conhecer é construir representações mentais da realidade.
È o sujeito que conhece,
Aquilo que é conhecido é o objeto,
Por objeto de conhecimento não se compreende a verdade em si mesma mas a sua/nossa representação na consciência.
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Os filósofos desde Platão e Aristóteles e posteriormente , Descartes, Loke, David Hume, Kant, etc sempre se preocuparam com o estudo do conhecimento.
Houve várias tentativas para se compreender e explicar a forma como o homem conhece como também as coisas que é capaz ( modelos de objetos) de conhecer.
Também se interessaram com os limites, validade e alcance desse mesmo conhecimento.
As perguntas frequentes são: Até onde podemos conhecer? Será que podemos conhecer tudo? Ou há limites? O nosso conhecimento é conforme o nosso sujeito é constituído?
Chamamos a estas questões de natureza gnosiológica que levou á existência de várias teorias explicativas do conhecimento.
TEORIAS EXPLICATIVAS DO CONHECIMENTO:
Empirismo, racionalismo, apriorismo, dogmatismo, ceticismo etc.
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Racionalismo Dogmático– defendido por René Descartes (1596-1650) – considerava a razão a fonte principal e verdadeira do conhecimento . A razão distingue o verdadeiro do falso, o conveniente do inconveniente.
Os racionalistas defendem que é apenas através da razão ou do pensamento que poderemos obter conhecimento factual genuíno ou verdadeiro e qual É INDEPENDENTE DA EXPERIÊNCIA SENSIVEL. TAL CONHECIMENTO SÓ EXISTE QUANDO É LOGICAMENTE NECESSÁRIO E UNIVERSALMENTE VÁLIDO.
E podemos saber a priori que Deus existe ou que a mente é distinta do corpo.
Embora não negam que exista conhecimento a posteriori defendem que apelando somente á razão é que se obtém conhecimento que assenta em fundamentações certas ou indubitáveis.
O racionalismo opõem-se ao conhecimento empírico ou ao empirismo.
Descartes ao fundamentar-se em argumentações metafísicos do conhecimento tenta superar os argumentos ceticos que defendem que o conhecimento não é possível.
DESCARTES COMEÇOU POR DUVIDAR DE TUDO OU DE TODO CONHECIMENTO QUE TINHA ADQUIRIDO.
• Duvida metódica
Colocar tudo em causa para podermos encontrar princípios
fundamentais e incontestáveis devido aos preconceitos e juízos irrefletidos na infância ou crenças falsas.
Os sentidos nos enganam
Discernir o sonho da vigília ou argumento do sonho
Pode existir nas demonstrações matemáticas equívocos
Argumento do gênio maligno ou Deus enganador
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A dúvida Cartesiana é:
Metódica (porque vai utilizar o método inspirado na matemática para conquistar a verdade) e provisória. É um meio para atingir a certeza. Diferente dos filósofos céticos portanto não constitui um fim em si mesma.
Existem quatro regras do método: da evidência, da análise, da síntese e da enumeração.
Esclarecendo eficazmente as operações elementares do espírito : intuição e dedução
Hiperbólica: Rejeitará como se fosse tudo falso
Universal e Radical: recai não apenas sobre o conhecimento geral mas também sobre os fundamentos e as suas raízes.
A dúvida tem uma função libertadora pois liberta o espírito dos erros que o agitam. Permite que nos aliviemos de superstições e crenças erradas para ser possível reconstruir tudo de novo com fundamentos sólidos .
A primeira verdade: O cogito (penso logo existo) a afirmação da minha existência.
O pensamento refere-se a toda a alma ou atividade consciente.
A existência de Deus
Como as ideias estão presentes no sujeito elas têm um conteúdo que representam alguma coisa.
Umas são Adventícias (origem na experiência sensível, barco, bola por exemplo)
outras factícias ou seja imaginadas ( exemplo dragão, sereia)
outras inatas que são constituídas pela própria razão ( por exemplo ideias de pensamento e de existência e ideias matemáticas).
As ideias inatas são verdades eternas e inalteráveis, inteligíveis e independente da perceção sensível.
Entre as ideias inatas que possuímos deparamo-nos com a noção de um ser perfeito, omnisciente, omnipotente e perfeito . E a partir daqui demonstra a existência de Deus.
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Descartes apresenta três provas para demonstrar a existência de Deus:
1ª prova
2ª prova
3ª prova
Continuação na próxima aula
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Uma breve síntese do Empirismo de J.Locke
O Empirismo surge como uma teoria oposta ao racionalismo e é defendida por John Locke . No “Ensaio sobre o Entendimento Humano” de John Locke (1632-1704) ele se interroga sobre a relação entre o nosso pensamento e a realidade, as nossas ideias e as coisas e em que circunstâncias o nosso conhecimento poderá ser verdadeiro?
Ele é contra o inatismo ou das ideias inatas que provêm de Deus.
Segundo ele o espírito humano não contem nenhuma ideia, pois todos nós nascemos como uma tábua rasa e o nosso conhecimento é limitado porque não pode ir além da experiência.
Para adquirirmos conhecimento necessitamos de uma substância ou matéria –primeira, as ideias simples que adquirimos pela sensação ou seja a impressão que os objetos exteriores influenciam os nossos sentidos.
A noção de ideia em Locke é a mesma que Descartes ou seja o conhecimento é sempre conhecimento de ideias, não conhecemos diretamente a realidade mas as nossas ideias acerca da realidade.
Locke chama ao conhecimento percepção. Ideias para Locke …são aquilo que conhecemos, uma cor, recordação, uma dor ou uma noção abstrata
(ideias simples – tudo o que o espírito percebe quando pensa ou perceções particulares provenientes da experiência e não examináveis) exemplo: o cheiro de uma flor.
Ideias complexas : são construídas pelo espírito associando várias ideias simples segundo diversas modalidades como por exemplo a noção de substância.
Qualidades primeiras: as primeiras são qualidades intrínsecas dos objetos exteriores que existem independente da nossa percepção ou entendimento como solidez, numero, movimento, forma, extensão.
Qualidades segundas : equivalem aos poderes que os objetos têm de produzir em nós algumas impressões ou sensações como odores, sons, sabores, cores e que só existem na nossa perceção.
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Exemplo qual é a realidade de uma rosa? A figura, a cor e o cheiro o odor para além destas qualidades sensíveis não sabemos o que é uma rosa. Só sabemos que para além destas qualidades existe algo de misterioso que serve de suporte e que é incognoscível , um não sei o quê, não conhecemos a substância e não sabemos o que é a rosa.
Para Locke não conhecemos o ser das coisas apenas conhecemos aquilo que a experiência nos mostra que é um conjunto de qualidades sensíveis. A Experiencia é pois a origem e também o limite do nosso conhecimento.
Esta doutrina empirista também é sustentada por David Hume em que afirma que todo o conhecimento advém apenas a partir da experiência. Para os empiristas não existem ideias inatas ou seja os conhecimentos adquiridos têm origem da nossa experiência ou aprendizado.
Conclusão o objeto impõe-se ao sujeito. O Empirismo de David Hume acaba por cair num ceticismo.
O Ceticismo defende que a mente humana não atinge nenhuma certeza acerca da verdade.
Quadro Comparativo;
Racionalismo - Descartes
ORIGEM DO CONHECIMENTO
Racionalismo - Descartes
Todo o conhecimento verdadeiro baseia-se em ideias inatas
PAPEL DA RAZÃO
Fornece os instrumentos fundamentais do pensamento legitimando a verdade e universalidade do conhecimento através das ideias inatas.
PAPEL DOS SENTIDOS
São vistos como fonte de erro daí não serem esteio válido do conhecimento
PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
Intuição racional e dedução
VALIDADE DO CONHECIMENTO
Conhecimento é necessário e Universal desde que seja dedutivo e intuitivo
Só é verdadeira a ideia que dela for deduzido ou inferido
Empirismo de David Hume
ORIGEM DO CONHECIMENTO
A experiência - impressões
Todo conhecimento deriva das impressões ou da experiência
PAPEL DA RAZÃO
Acolhimento e constituição dos dados da experiência.
Origem empírica do conhecimento decepa a validade universal do conhecimento reduzindo-o a uma simples probabilidade.
PAPEL DOS SENTIDOS
Os sentidos tem um papel ativo porque é o ponto de partida de todo o conhecimento.
Nada subsiste na razão que não tenha passado primeiro nos sentidos.
PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
A captação sensorial ou sensitiva das impressões e indução fundamenta –se no hábito. (exemplo: os metais com calor dilatam-se – porque se baseia em múltiplas experiências feitas em que o resultado é sempre o mesmo ou seja o calor é a causa da dilatação de certos corpos, neste caso nos metais ) É um hábito e confunde-se com conhecimento. Um dia os metais poderão não dilatar mas contrair segundo David Hume..
VALIDADE DO CONHECIMENTO
Como é construído ou edificado através da indução o conhecimento universal é uma mera probabilidade porque é pouco plausível mas não irrealizável que de premissas verdadeiras resultem uma conclusão falsa.
Qualquer verdade ou realidade só pode se confirmada ou existente se tiver uma impressão correspondente.
Apriorismo de Kant
Continuação na próxima aula
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Atenção estes apontamentos (DE TRÊS PÁGINAS) relativamente á análise fenomenológica são tirados ou citados da SEBENTA DA AUTORIA DE ELIZABETE SILVA – ( não são da minha autoria)Testes de filosofia 11º ano. Foram feitos exclusivamente para auxiliar alunos que não têm acesso a esta sebenta.
Alguns tópicos relativamente á análise fenomenológica
11. Conhecimento – análise fenomenológica
Nesta relação existe sempre um sujeito e objeto
Sujeito cognoscente – é aquele que conhece e é a parte ativa neste tipo de conhecimento.
Objeto é aquele que é conhecido e que é passivo nesta mesma relação.
O sujeito só o é em relação ao objeto e o objeto em relação ao sujeito, eles são transcendentes um ao outro e estabelecem uma correlação ou conexão.
Neste tipo de conhecimento o sujeito não se pode transformar em objeto e vive versa só se estabelecer uma nova relação de conhecimento
A função do sujeito é apreender o objeto e este tem somente como função ser apreendido pelo sujeito.
(Hartmann)
O conhecimento realiza-se em três tempos: o sujeito sai de si, da sua esfera num movimento mental que lhe possibilita entrar na esfera do objeto (2º momento) em que conhece o objeto e constrói uma imagem mental e finalmente regressa a si com a representação do objeto (3º momento).
O sujeito ao sair de si, altera-se e constroi uma imagem/representação do sujeito.
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Atenção estes apontamentos (de TRÊS páginas ) relativamente á análise fenomenológica são tirados ou citados da SEBENTA DA AUTORIA DE ELIZABETE SILVA – ( não são da minha autoria)Testes de filosofia 11º ano. Foram feitos exclusivamente para auxiliar alunos que não têm acesso a esta sebenta.
Quando um sujeito e um objeto se encontram face a face:
Objeto – passivo nada se altera, o sujeito sofre alteração – ativo e ganha uma imagem ou representação e dá-se o conhecimento.
Em todo o conhecimento um sujeito e um objeto encontram-se face a face – refere-se á análise fenomenológica do conhecimento.
Um sujeito e um objeto frente a frente – o objeto vai ser conhecido pelo sujeito (elemento ativo nesta relação). Terceiro elemento desta relação é a representação/imagem do objeto
Husserl – filósofo alemão do sec XX que se dedicou ao estudo da fenomenologia.
Esta análise fenomenológica do conhecimento não deseja explicar ou construir uma teoria do conhecimento mas somente descrever os vários elementos e as suas tarefas numa relação de conhecimento.
A fenomenologia é uma estudo para a construção de teorias explicativas do conhecimento.
*Sujeito cognoscente – sujeito gnosiológico – apreende ou representa o objeto e é o elemento ativo da relação do conhecimento.
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Atenção estes apontamentos (de TRÊS páginas ) relativamente á análise fenomenológica são tirados ou citados da SEBENTA DA AUTORIA DE ELIZABETE SILVA – ( não são da minha autoria)Testes de filosofia 11º ano. Foram feitos exclusivamente para auxiliar alunos que não têm acesso a esta sebenta.
*Objeto conhecido – não se identifica com uma coisa mas é tudo aquilo que é passível de ser capturado, podem ser teorias, pessoas, objetos etc.
*Representação é o resultado do conhecimento e depois de apreendido o objeto de conhecimento fica na consciência do sujeito sob a forma de imagem.
A sensação- é a apreensão das características do objeto
A sensação – é a fonte de onde nos chegam todas as informações
A perceção é o processo de interpretação e organização dos dados da sensação
A sensação e a perceção estão interligadas
A perceção depende dos elementos que derivam da perceção mas também da própria pessoa que vai organizar e configurar dados, logo depende da personalidade das experiências e motivações da própria pessoa.