Excertos da minha página “Kant e o conhecimento” para os alunos do 11º ano que vão fazer o exame final de filosofia.

Aconselho a ouvir este vídeo do filósofo Paulo Ghiraldelli.

( 1º parte a importância do sujeito e da submissão do objeto aquele,11º ano).

Parte final " O ideal moral: tornar a vontade boa; moralidade; autonomia; e dignidade humana, 10º ano).



O criticismo Kantiano aparece-nos depois de uma reflexão debruçada sobre estas duas teorias (empirismo e racionalismo ) do conhecimento. Ele não adota uma atitude céptica e radical negando tudo, mas assume uma postura critica e de precaução. Kant começando por ser dogmatico racionalista (influência de filósofos Leibniz e Wolf) acaba posteriormente por receber influências do empirista David Hume que o despertou do “sono dogmático” .

Chegando assim ao criticismo, determinando os limites de uma metafísica que vença o cepticismo sem cair no arrojado dogmatismo.

Pretende ele resolver a questão de como o entendimento e a razão, livres de toda a experiência, podem conhecer e até que ponto podem conhecer.

Afinal só temos conhecimento dos fenómenos enquanto o númeno não nos é compreensível ou acessível, permanecendo desconhecido.
Kant não nega a existência das coisas. Conhecemos o fenómeno mas não o númeno. O primeiro não é a realidade em si, mas uma manifestação, aquilo que aparece ao sujeito cognoscente. O fenómeno aponta-nos para a realidade, embora esta exista não sabemos o que ela é em si mesma porque só temos acesso ao nosso modo de conhecer.

O Conhecimento na perspetiva de Kant: - é impossível conhecer a realidade em si mas a representação da realidade (idealismo); sendo o conhecimento uma organização dos dados sensoriais executado pelas categorias do entendimento do sujeito (apriorismo); é impossível conhecer a realidade metafísica (relativismo)






A revolução coperniciana de Kant

Até aqui todos os nossos conhecimentos regularam-se pelos objetos, Kant em vez de centrar neste passa a dar toda a atenção sobre o sujeito cognoscente. Passa a ser o sujeito o protagonista como também o elemento ativo do conhecimento. Os objetos giram á volta do sujeito dependendo deste e têm que se adaptar ás suas estruturas mentais. O objeto a conhecer gira á volta do sujeito que conhece como a terra gira á volta do Sol.

Esta revolução coperniciana é pois como quando Copérnico inverteu as posições da terra e do sol para explicar o Sistema Celeste, o conhecimento não deve partir da realidade mas esta é que deve ser examinada a partir do sujeito ou do seu ponto de vista.

O espírito age e intervém ativamente, sendo o real o produto ou resultado duma construção feita pelos nossos elementos a priori – hipótese idealista e a priori.

O nosso conhecimento passa a ser feito através de princípios formais do sujeito, as coisas têm que se ajustar ao nosso próprio modo de conhecer.

O objeto passa a ser submisso aos conceitos “a priori” do sujeito.

Kant acaba por superar o racionalismo e o empirismo.


Conhecer em Kant pressupõe uma matéria “a posteriori”, proveniente da experiência e uma forma “ priori “ imposta ao objeto pelo sujeito.
Este critério permite distinguir um conhecimento puro “A priori” (universalidade e necessidade) de um conhecimento empírico. Os conhecimentos da experiencia são contingentes e particulares.


Recapitulando:

O CRITICISMO (FILOSOFIA DE KANT) OPÕE-SE QUER AO DOGMATISMO QUER AO CETICISMO EMPIRISTA. SALIENTA A IMPORTÂNCIA DA CORRELAÇÃO NECESSÁRIA DO SUJEITO E DO OBJETO DO CONHECIMENTO E A SUBORDINAÇÃO DESTE ÀQUELE. Chama-se a isto revolução Coperniciana.

Realmente há uma subordinação por parte do objeto ao sujeito mas também existe uma correlação necessária dos dois.

Segundo Kant o conhecimento tem origem na sensibilidade e no entendimento:

As duas fontes de conhecimento em Kant são :
Sensibilidade: é a capacidade do sujeito receber representações dos objetos.
O entendimento pensa “ os dados” que a sensibilidade forneceu.



A diferença existente entre Kant e o Empirismo é que este último defende que todos os conceitos derivam da experiência. Kant não aceita esta afirmação pois existem conceitos que o entendimento possui que não provêm da experiência mas que só têm aplicação e validade dentro desta.

Na Critica da Razão Pura, Kant mostra-nos através da Estética Transcendental como o homem através da sensibilidade pode conhecer o objeto ou seja a sensibilidade é o poder que o nosso espírito tem de receber impressões pois esta ( a sensibilidade) determina a maneira como o objeto afeta o sujeito e defina a forma como nos relacionamos com o mundo.
Para isto acontecer somos dependentes de duas condições imprescindíveis e necessárias:
O espaço e o tempo - sem estas duas condições é-nos impossível ver uma coisa sem estar num determinado espaço e num respetivo tempo. Espaço e tempo são condições necessárias e gerais designadas por “formas a priori” da sensibilidade e intuições puras.

FORMAS: o espaço e tempo são formas ou o modo como apreendemos as impressões particulares como, os sons, as cores, os cheiros; a maneira como estas são entendidas no espaço e tempo.
A PRIORI: aquilo que não procede da experiência.
Espaço e tempo são intuições puras. Não são conceitos do entendimento.Só existe um tempo e um espaço.
Puras: vazio de conteúdo empírico. No espaço e no tempo é que se acomodam e ordenam as impressões sensíveis como: cores, sons etc.

Na analítica Transcendental
Espontaneidade do entendimento:


A sensibilidade só por si não é suficiente para podermos conhecer. Esta coloca-nos perante várias impressões no espaço e tempo e se perceber é a função da sensibilidade precisamos de algo mais para atingir o conhecimento. Compreender o percebido é a função do entendimento
Exemplo: Estamos a observar algo, uma boneca.
Os nossos sentidos percepciona impressões de formas, cores e outros num determinado tempo e espaço. O conceito – Boneca é o que estamos a ver. O conceito Boneca é a chave que nos permite compreender e interpretar essas apreensões.
“Isto é uma Boneca”.,” O gato é mamífero” etc.
O entendimento é a faculdade dos conceitos e dos juízos ou a faculdade de julgar.
Existem dois tipos de conceitos – os empíricos e os puros ou categorias
Os conceitos empíricos procedem da experiência como: galo, macaco, cão, casa etc. São todos aqueles que
procedem da experiência ou a partir da observação por parte de vários indivíduos.

Conceitos a priori – são aqueles que não derivam da experiência. Recapitulando: O entendimento produz conceitos espontâneos sem derivarem da experiência.
Conceitos puros: substância, causa, necessidade, causa, existência, - são aplicados ás impressões sensíveis.
Mas se a função do entendimento é formular juízos, unificar e coordenar dados da experiência sensíveis há tantas formas de unificar os dados da experiência, tantos conceitos puros como formas de juízos

A filosofia Kantiana foi influenciada pelo Iluminismo. O contexto histórico e social vivido nesta época é registada por este filósofo como uma situação humana de “menoridade”, falta da verdadeira liberdade. A tarefa critica da razão tem como objetivo a realização da liberdade a superação das opressões cívicas e da consciência. Opressões religiosas, sociais, históricas e politicas. A solução para esta situação está na critica da razão, onde o sujeito deve superar-se ,esclarecer-se, procurar em si mesmo os seus interesses. A máxima utilizada será raciocinar, refletir, ousar por si próprio, atingir os seus fins e conveniências. Autonomia, liberdade superação, coragem de te servir do teu próprio entendimento, submeter-se á autoridade da própria razão desde que esta seja uma razão esclarecida, a decisão de se servir dela com independência etc são fins a atingir através da filosofia de Kant. Como grande pensador que é faz também uma análise á própria natureza da razão. Esta deverá ser levada perante o tribunal de si própria de forma a tomar consciência dos seus limites, das suas capacidades efetivas e a poder tornar-se o apoio ou o sustentáculo do saber acerca da natureza, da ação moral e politica.
É sobre a autoridade da razão que todas as normas se devem assentar e ponderar, sejam elas de ordem individual ou social.

Kant pretende estabelecer os princípios e limites a partir dos quais é possível um conhecimento cientifico da Natureza ou seja responder à questão: que posso conhecer?

A segunda pergunta será para justificar as condições da liberdade e os princípios da ação ou seja responder à questão: que devo fazer ?

A terceira pergunta visa responder : que me é permitido esperar? Delinear projetivamente o destino ultimo do ser humano, testar as suas capacidades tendo como fim a sua realização.

Conclusão o projeto Kantiano é basicamente antropológico pois tenta libertar o homem da sua menoridade e obscurantismo através de uma clarificação racional tornando-o mais livre e justo encaminhando-o para a realização dos fins últimos do Homem. Kant vai responder a uma pergunta, esta que abarca as três anteriores: O que é o Homem?









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Curiosidades













La Boétie (1530-1563) Filósofo

La Boétie

...os seres humanos criados sob a tirania acostumam-se com a servidão. O tirano embrutece e corrompe os seus súbditos pelo principio do pão e dos jogos que consiste em " suavizar a servidão com uma venenosa doçura" Ele utiliza a religião para inculcar-lhes a devoção através das fábulas"...
Quanto aos raros individuos esclarecidos que conservaram o desejo da liberdade, o tirano os elimina ou isola pela censura.
Problemática:
Como é possível um só homem subjugar milhões?









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Curiosidades : La Boétie e Maquiavel

Ao falar um pouco de La Boétie faz-me lembrar alguém que defendia o oposto Quem será? Maquiavel


" Arte de bem governar a sorte, de domá-la. É melhor ser impetuoso do que circunspecto, porque a sorte é mulher, e é necessário, a quem quer dominá-la, espancá-la e tratá-la com rudeza "

Maquiavel(1469-1527) ao aconselhar o príncipe Lourenço de Médicis em Florença sobre como ele deveria governar, divide completamente a ética da politica.


Nesta altura Florença corria perigo devido a conflitos internos e externos( reinos vizinhos). Os reinos vizinhos ameaçavam ligar-se a França e á Espanha para derrubar a cidade e a quem se encontrava no poder.


Então Maquiavel como conselheiro politico resolve partilhar as suas ideias com o príncipe e de como ele deveria agir nestas situações.


As suas sugestões são totalmente frias e desumanas, mas também temos que ter em conta que os conflitos se deviam na época a indivíduos próximos ao príncipe ou a forças internas que só têm como objetivo o poder e os seus interesses e como consequência disso acabam por atrair para si indivíduos iguais e entram inevitavelmente em confrontos e lutas pela soberania nem que para isso tenham que derrubar o governo. Com estas disputas todas, Maquiavel aconselha o soberano optar por princípios brutais e violentos .


O problema de Maquiavel é que reduz a politica a uma arte prática, feroz e desumana e os mesmos conselhos são destinados também ao povo, ou seja para manter este calmo e sob o domínio do rei ou do monarca é necessário ser pela força e pelo medo ou terror. O soberano tem que ser astucioso de tal forma que tem que vestir a pele de leão como de raposa. Só pelo medo é que o povo obedece. 


Temos aqui dois pensamentos opostos. Se La Boétie se apresenta como um individuo humano, também acaba por ser um pouco ingênuo porque a ânsia e a ambição dos indivíduos pelo poder tem que ser controlada enquanto que Maquiavel torna-se um conselheiro  perigoso porque separa completamente a politica da ética e prevalece  " um vale tudo ". Não existe um meio termo ", embora ele defenda que as suas ideias politicas são Virtú.



Há muitos regimes políticos que se guiam pelas ideias de Maquiavel. 




Étienne de La Boétie (1530/1563), que viveu no sec. XVI, fica surpreendido com a submissão dos povos perante um tirânico, seja este rei se estivermos perante uma monarquia ou noutro sistema politico qualquer. 


É evidente que o contexto histórico, social e cultural em que o filósofo está inserido influi bastante sobre a perceção que ele tem em relação a tudo. 


O mesmo   acontece com  cidadãos normais, pois o meio que nos envolve desde a família, amigos, ao país em que nascemos e assim sucessivamente vai formar em nós uma determinada opinião sobre os outros e sobre o mundo. 


La Boétie vive numa época de lutas contra protestantes aos anarquistas do sec. XX, em que o poder ou o domínio politico tem legitimidade para reprimir e dominar o povo. Nesta altura em que a brutalidade e repressão de Bordeaux comandada por Henrique II para diminuir o poder do parlamento é de tal forma que o vai sensibilizar. Por toda esta conjuntura La Boétie sente necessidade de explanar sobre a tirania. Pensa que o Homem em geral tem vontade de servir ou de se subjugar. Embora seja um paradoxo, segundo La Boétie pensa que isso se deve a vários fatores: 





1º - porque o povo quer e admite, pois o tirano é apenas uma pessoa contra muitos, daí não ser difícil de o combater ou de o vencer. 


2º - é uma forma de alienação sobre nós mesmos (o povo) e inexplicavelmente preferimos ceder a nossa liberdade. Por isso La Boétie chama-lhe de servidão voluntária.


3º - o terceiro ponto na minha opinião é o mais importante, porque é o que acontece em muitos países no sec XXI. 


Segundo o nosso filósofo, um só homem não consegue dominar um povo mas se o despótico for astuto e conhecer bem o âmago ou os principais interesses que movem determinados seres humanos, o opressor tenta escravizar os que lhes são mais próximos, os súbditos, através da ambição e ganância destes. Este é o ponto fulcral porque a partir daqui ele pode brincar com a ânsia que estes têm do poder e pode contar com eles para subjugar o povo. A partir daqui não será só um homem a dominar mas sim uma grande irmandade. 


Júlia Barbosa









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Filosofia 10º e 11º ano


Para que serve a filosofia?

Ainda há quem pense que a filosofia não tem utilização ou uma aplicação prática como acontece com várias áreas cientificas ou sociais: sociologia , ciência económica, fisica e outras áreas em que têm especificado o seu objeto de estudo . 


Mas o que é interessante é que a filosofia é inerente ao ser humano, faz parte dele. Talvez a minha opinião esteja a ser pouco modesta mas se pensarmos bem nós somos ou não indivíduos racionais e pensantes? 

O homem é o único animal que pensa, reflete, medita entre outras coisas. Padece de alegria e de tristeza, de curiosidade, de insatisfação, etc.. E o que faz a filosofia? Não examina e discute temas e problemas relacionados com a nossa própria vida ? Não questiona e dúvida sobre tudo o que nos rodeia? Sim é o que a filosofia faz. 

Por detrás de várias áreas profissionais como operários fabris, técnicos de diversas áreas, engenheiros(as), médicos(as), economistas, cientistas, etc, estão Homens ou indivíduos. 

E haverá algum individuo que não tenha parado por segundos para se interrogar sobre a sua própria existência ? 
Se estivermos conscientes de nós próprios e do mundo em que habitámos, quantas vezes nos interrogamos sobre a nossa origem, sobre a vida, sobre o bem e o mal, sobre a existência de outras vidas no universo além de nós, se Deus existe, Qual o sentido da nossa existência ; sobre o nosso agir no quotidiano relativamente a tudo e a todos , se concordamos com a eutanásia, com o aborto, com a exploração do trabalho infantil e em geral, com o tráfico humano, com a corrupção na politica e na vida social, se somos realmente livres ou prisioneiros de um mundo estruturado pelo poder dos mais fortes sobre os mais fracos economicamente, sobre as diferenças sociais, sobre a miséria, a guerra, desequilíbrios ou problemas ambientais, sobre a tecnociência e a ética, sobre o desafio do relativismo cultural, enfim não se antevê um limite para este tipo de questões com que o ser humano se debate. 


A filosofia é muito importante e deveras imprescindível para todos nós. A frase que vou citar do filósofo Sócrates( 470 a.C./399 a.C.) leva-nos precisamente a refletir sobre isso:

“Uma vida não examinada não merece ser vivida” Porque afinal somos seres racionais impreterivelmente meditamos, pensamos, examinamos tudo ao nosso redor. 




Então a filosofia sendo uma atividade intelectual, refletiva, critica, problematizadora, como tal está ligada ao homem inevitavelmente, abrange várias áreas, sejam elas de carater social, económico, cultural e politico. 

Embora o seu objeto de estudo não possa ser definido com precisão, tem como objetivo a ânsia pelo saber ou pelo conhecimento, tem como atividade prática auxiliar o Homem na busca de respostas que o leva a desvendar enigmas sobre ele próprio e sobre tudo o que o envolve, sejam duvidas do âmbito epistemológico, ético, religioso, axiológico, ontológico e outros.

A filosofia abarca um todo, podemos dizer que é de compreensão universal.

Retomando ao inicio deste texto relativamente á sua aplicação prática(da filosofia), comparando-a com diversas áreas cientificas como por exemplo, ciências naturais, esta recorre a métodos de observação e experimentação ou empírico para justificar as suas teorias. 

Enquanto a filosofia representa o pensamento critico, pois tem uma postura critica em relação ás nossas convicções e visa argumentar ou se fundamentar de uma forma racional para legitimar o seu conhecimento sendo antidogmática. Pretende através do seu pensamento lúcido, sistemático, metódico, ordenado e utiliza conceitos rígidos e bem definidos para aproximar-se á ciência, embora esta exige legitimidade por parte de toda a comunidade cientifica como aprovação universal. 

Por fim convém salientar que em ciência como em filosofia nenhuma teoria pode ser validada como um resultado definitivo.

Para refletir :

Se o mundo em que vivemos é mutável, também poderíamos afirmar que qualquer solução para um determinado problema não é definitivo mas como estamos de braços dados com a filosofia e as respostas trazem outras perguntas e mais respostas, fica então registado as seguintes dúvidas :


- O mundo em que vivemos é mesmo mutável ou dentro desta instabilidade não estará tudo determinado ? 

Somos seres livres?

O que é a liberdade?

Ou vivemos na ilusão que temos livre arbítrio e estamos condicionados pelo nosso meio cultural e circunstâncias? 

Existe destino ? A nossa vida é pré-determinada por algo superior? Deus? Ou ele é uma invenção do homem ou apenas uma simples ideia? 


Podemos argumentar e responder a estas questões livremente ou através de conteúdos estudados em filosofia do ano 10º e 11º ano.























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Filosofia 11º ano Lógica Formal

(REVISÃO)
-Definição de lógica


A lógica é uma disciplina filosófica que estuda a teoria de argumentação. Um argumento é uma ligação de afirmações ordenadas que algumas delas; as premissas; são usadas como justificação de uma conclusão.
Estuda a distinção entre argumentos corretos (argumentos válidos) e os incorretos (argumentos inválidos)

Quando ignoramos o conteúdo a que elas se referem,nas premissas, e temos apenas a nossa atenção focada nas relações ou tipo de relações existente entre as premissas e conclusão , estamos perante a Lógica Formal que tem interesse apenas em examinar os argumentos do ponto de vista da sua estrutura ou seja na sua Forma Lógica.

A lógica formal analisa a Validade dos argumentos, verifica se a conclusão se segue das premissas.

Um argumento só pode ser válido ou inválido. As premissas e conclusão podem ser falsas ou verdadeiras.

A validade é importante no domínio da Lógica Formal porque assegura que os nossos raciocínios partindo de afirmações verdadeiras chegue a conclusões verdadeiras.

A validade de um argumento depende da sua estrutura ou forma lógica ou seja como deve estar relacionadas as premissas e conclusão do argumento.

A argumentação silogística
Exemplo: silogismo categórico regular

Todos os Portugueses são sábios
Todos os minhotos são portugueses
Todos os minhotos são sábios




Recapitulando:

Relativamente a este exemplo a lógica estuda ou só tem interesse na sua estrutura ou na sua Forma. Não nos interessa o conteúdo das premissas (neste caso não importa saber se todos os Portugueses são ou não sábios ou se todos os minhotos são ou não portugueses).

Temos que nos focar é na estrutura do silogismo, ou seja se este silogismo é um raciocínio formado por três proposições. Em que ao termos as duas primeiras premissas se segue forçosamente a terceira premissa (a conclusão).


O silogismo válido como este tem que ser formado:

Três proposições
Premissa maior – contém o termo maior
Premissa menor – contém o termo menor
Conclusão : faz a ligação entre os dois termos


O termo maior (P) – é sempre predicado na conclusão
O termo menor(S) é sempre o sujeito da conclusão
O termo médio(M) é o que serve de mediador entre os antecedentes que permite a passagem das premissas á conclusão. Este termo se está presente nas premissas nunca poderá estar na conclusão.



Recapitulando:
a) Todos os portugueses são sábios
b) Todos os minhotos são portugueses
c) Todos os minhotos são sábios

ANTECEDENTE: a) premissa maior e b) premissa menor
CONSEQUENTE: Conclusão

Como analisar qual a premissa que contém o termo maior ou menor?

Temos que ter a noção da distribuição dos termos nas proposições:

A extensão de um termo (conceito) é um agrupado de coisas ou objetos abarcados por ele.
Quando um termo é universal - menciona a totalidade da sua extensão

Na proposição ou enunciado o termo desempenha o lugar do sujeito. A proposição é precedida por TODOS ou NENHUM ou qualquer quantificador que indique Universalidade.



Quando um termo é particular - refere-se apenas a uma parte da sua extensão.
Nas proposições o sujeito é precedido por ALGUNS, EXISTEM, CERTOS, etc.

Um termo seja ele SUJEITO OU PREDICADO SÓ SE ENCONTRA DISTRIBUIDO QUANDO OCUPA TODA A SUA EXTENSÃO OU SEJA QUANDO É DISTRIBUIDO UNIVERSALMENTE.

É necessário memorizar e entender este quadro:

Nas proposições tipo A:

TODOS OS HOMENS SÃO ANIMAIS
TODOS OS HOMENS SÃO(alguns)ANIMAIS

Nas proposições tipo E:

NENHUNS HOMENS SÃO ANJOS
NENHUNS HOMENS SÃO (todos os)ANJOS

Nas proposições tipo I:

ALGUNS HOMENS SÃO SANTOS
ALGUNS HOMENS SÃO (alguns) SANTOS

Nas proposições tipo O:

ALGUNS HOMENS NÃO SÃO LOUCOS
ALGUNS HOMENS NÃO SÃO (todos os) loucos.





Proposições A e E (TODOS, NENHUNS) , o termo relativo ao sujeito é universal.
SUJEITO DISTRIBUIDO

Proposições I e O (ALGUNS …SÃO/ALGUNS…NÃO SÃO), o termo relativo ao sujeito é particular – não se encontra distribuído porque se refere apenas a alguns elementos





RELATIVAMENTE AO PREDICADO:
Este só se encontra distribuído nas proposições negativas E e O.

(suj) NENHUNS HOMENS SÃO ANJOS. (predicado)são anjos. TODOS os anjos.

(suj)ALGUNS HOMENS NÃO SÃO LOUCOS/predicado(todos os loucos)






Nas proposições afirmativas A e I não está distribuído.

(suj)TODOS OS HOMENS SÃO ANIMAIS/(predicado)são animais.

Não …são apenas ALGUNS.


(suj)ALGUNS HOMENS SÃO SANTOS…são apenas alguns

continuação na próxima aula


























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Filosofia 11º ano Albert Camus

Albert Camus (07.11.1913/04.01.1960), Francês, nasceu na Argélia ( ex-colónia francesa) (Norte de África).


Oriundo de uma família muito humilde e com grandes problemas financeiros, Albert Camus conseguiu prosseguir os estudos e formar-se em filosofia vencendo as contrariedades que o acercavam. 


Escritor, dramaturgo, romancista, ensaísta e filósofo. Combatente da Resistência Francesa e jornalista. Prémio Nobel da literatura em 1957.



Segundo A.Camus a existência humana não tem uma finalidade ou um objetivo porque não consegue vislumbrar um horizonte de sentido.



Chama de absurda a nossa existência. Porque vivemos ? Terá algum sentido a nossa vida? O porquê de tanto sofrimento, e amargura ? O homem é constantemente abraçado por uma vida cheia de tormentos e aflições para desembocar inevitavelmente na morte. 



A Humanidade busca incessantemente o Absoluto, paz, Deus, amor e depara-se com a sua própria finitude, limitação, desgraça, ilusão e outros fatores hostis. 



A especie humana necessita de um horizonte de sentido ou de uma nova perspetiva urgentemente. A.Camus não vê isso em Deus, pois não acredita na sua existência; nem na natureza que nos é tão adversa, nem em relação aos homens devido á sua impiedade e desumanidade e para finalizar o absurdo da morte.



O absurdo significa uma separação entre o homem e a vida; ou seja aquilo que ansiamos (salvação, harmonia, paz, unidade,etc) com o que encontramos no mundo ( a nossa própria limitação, crueldade, injustiça, instabilidade e mutabilidade) e para concluir ou finalizar este quadro negro, a morte ainda nos espera. 

De uma forma muito simples tentei transmitir um pouco do pensamento deste filósofo. 

Não podemos esquecer que a vivência de cada um deles como também o enquadramento histórico em que eles estão inseridos contribui muito para a visão que eles têm do mundo.



Continua na próxima aula



A QuedaAutor: Camus, Albertitor: Paulo Neves da Silva



Excerto 



Uma vez desperta a minha atenção, não me foi difícil descobrir que tinha inimigos. Na minha profissão, em primeiro lugar, e depois na minha vida social. 



A uns, tinha prestado serviços. A outros, deveria tê-los prestado. Tudo isso, em suma, estava na ordem das coisas, e descobri-o sem grande mágoa. 



Em contrapartida, foi-me mais difícil e doloroso admitir que tinha inimigos entre pessoas que mal ou absolutamente nada conhecia. Sempre tinha pensado, com a ingenuidade de que já lhe dei algumas provas, que os que não me conheciam não poderiam deixar de gostar de mim, se chegassem a privar comigo. 



Pois bem, nada disso! Encontrei inimizades sobretudo entre os que não me conheciam senão muito por alto, e sem que eu próprio os conhecesse. Suspeitavam, sem dúvida, de que eu vivia em plenitude e num livre abandono à felicidade: isso não se perdoa. 



O ar do êxito, ostentado de uma certa maneira, é capaz de pegar raiva a um asno. A minha vida, por outro lado, estava cheia a transbordar, e, por falta de tempo, eu recusava muitas oportunidades! Esquecia em seguida, pela mesma razão, as minhas recusas. 



Mas tais oportunidades tinham-me sido oferecidas por pessoas cuja vida não era plena, e que, por esta mesma razão, se lembravam das minhas recusas. 



Era assim que, para dar apenas um exemplo, as mulheres, no fim de contas, me ficavam caras. O tempo que lhes consagrava, não o podia dedicar aos homens, que nem sempre me perdoavam. Como sair disto? Não nos perdoam a nossa felicidade, nem os nossos êxitos, senão no caso de consentirmos generosamente em reparti-los. 



Mas, para se ser feliz é preciso não nos ocuparmos muito dos outros. As saídas ficam, pois, cortadas. Feliz e julgado ou absolvido, e miserável. Quanto a mim, a injustiça era maior: eu era condenado por causa de felicidades antigas. 



Tinha vivido durante muito tempo na ilusão de um acordo geral, quando de todos os lados choviam sobre mim, distraído e sorridente, os juízos, as flechas e os remoques. A partir do dia em que fiquei alerta, veio-me a lucidez, recebi todos os ferimentos ao mesmo tempo e perdi de uma só vez as minhas forças. O universo inteiro pôs-se então a rir à minha volta.




A Queda Autor: Camus, Albertitor: Paulo Neves da Silva





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Filosofia 11º ano

Horizontes de sentido e responsabilidade pelo futuro.

O ser- humano age de acordo com o sentido que determinada ação possa ter ou não para ele. 


As nossas escolhas são livremente motivadas por móbiles ou por propósitos, por isso elas dependem da relevância,da utilidade ou da finalidade, que futuramente (pensamos nós) possam contribuir de algum modo para a nossa felicidade ou para o nosso bem. Mas o que parece tão simples e linear é deveras muito complexo. 

As nossas ações estão subordinadas ou condicionadas por vários fatores. Nós estamos submetidos a determinados contextos, sejam econômicos, sociais, políticos, éticos e culturais. 

É a partir destes elementos que os nossos atos ou opções vão ressurgir e com eles a pluralidade e discrepâncias de valores ou dito de outra forma, as nossas preferências valorativas é que comandam toda e qualquer ação escolhida por nós.

O Homem tem o livre-arbítrio para decidir ou eleger algo mas está forçosamente ligado ao exterior ou ao mundo e este associado a determinados valores. 
Valores úteis, vitais, religiosos, éticos, estéticos etc. É dentro deste âmbito que somos estimulados a direcionarmo-nos para certos horizontes de sentido. 

Como já sabemos o Homem dirige as suas expectativas para estes três elementos: Humanidade, Natureza e Deus.

Mas o mundo na sua mutabilidade (continuamente em mudança) causa no individuo um certo desconforto, instabilidade, insegurança e desconfiança como também uma enorme descrença relativamente a estes três Horizontes. 

Emergem sempre as mesmas dúvidas: Continuar acreditar no ser humano ? Progredimos a fim de construirmos dia após dia a paz, a justiça, a solidariedade, a respeitar as diferenças e as minorias ou a combater o racismo, a xenofobia etc, ou caminhamos em sentido oposto e somos conduzidos a um cataclismo? 

Será a mãe natureza que nos salvará? Haverá um retorno ás origens ? O Homem começará tudo de novo? Conseguirá respeitar a natureza criando um novo paradigma de forma a preservar a casa onde habita-planeta terra? 
Será possível ? Depois do desenvolvimento tecnológico que o mundo sofreu? com as alterações climáticas? ainda haverá esperança? 

Será Deus, a fé ou a religião que nos salvará? É em Deus e na fé que muitas pessoas encontram um sentido para as suas vidas. 

A religião é um abrigo para muitas pessoas mas também tem 
provocado muita desilusão na humanidade devido ao fanatismo e controvérsias em que determinadas doutrinas estão envolvidas.

Mas a religião é feita de indivíduos e estes horizontes de sentido, são constituídos ou construídos por nós, pessoas. A responsabilidade do futuro não será plenamente nossa ? 

continuação: próximos temas:

Albert Camus : O absurdo é ausência de sentido 
as nossas opções são simplesmente mecânicas;

J.Paul Sartre : O Existencialismo é um humanismo 




Um vídeo interessante de Raul Seixas, " pai do rock brasileiro".

Gostava e tinha interesse, essencialmente, por metafísica e ontologia. Interessava-se também por psicologia, história, literatura e latim.

Raul Santos Seixas (1945 /1989), cantor e compositor brasileiro. Foi um dos pioneiros do rock brasileiro, produtor musical da CBS durante sua permanência no Rio de Janeiro.








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