Curiosidades : La Boétie e Maquiavel

Ao falar um pouco de La Boétie faz-me lembrar alguém que defendia o oposto Quem será? Maquiavel


" Arte de bem governar a sorte, de domá-la. É melhor ser impetuoso do que circunspecto, porque a sorte é mulher, e é necessário, a quem quer dominá-la, espancá-la e tratá-la com rudeza "

Maquiavel(1469-1527) ao aconselhar o príncipe Lourenço de Médicis em Florença sobre como ele deveria governar, divide completamente a ética da politica.


Nesta altura Florença corria perigo devido a conflitos internos e externos( reinos vizinhos). Os reinos vizinhos ameaçavam ligar-se a França e á Espanha para derrubar a cidade e a quem se encontrava no poder.


Então Maquiavel como conselheiro politico resolve partilhar as suas ideias com o príncipe e de como ele deveria agir nestas situações.


As suas sugestões são totalmente frias e desumanas, mas também temos que ter em conta que os conflitos se deviam na época a indivíduos próximos ao príncipe ou a forças internas que só têm como objetivo o poder e os seus interesses e como consequência disso acabam por atrair para si indivíduos iguais e entram inevitavelmente em confrontos e lutas pela soberania nem que para isso tenham que derrubar o governo. Com estas disputas todas, Maquiavel aconselha o soberano optar por princípios brutais e violentos .


O problema de Maquiavel é que reduz a politica a uma arte prática, feroz e desumana e os mesmos conselhos são destinados também ao povo, ou seja para manter este calmo e sob o domínio do rei ou do monarca é necessário ser pela força e pelo medo ou terror. O soberano tem que ser astucioso de tal forma que tem que vestir a pele de leão como de raposa. Só pelo medo é que o povo obedece. 


Temos aqui dois pensamentos opostos. Se La Boétie se apresenta como um individuo humano, também acaba por ser um pouco ingênuo porque a ânsia e a ambição dos indivíduos pelo poder tem que ser controlada enquanto que Maquiavel torna-se um conselheiro  perigoso porque separa completamente a politica da ética e prevalece  " um vale tudo ". Não existe um meio termo ", embora ele defenda que as suas ideias politicas são Virtú.



Há muitos regimes políticos que se guiam pelas ideias de Maquiavel. 




Étienne de La Boétie (1530/1563), que viveu no sec. XVI, fica surpreendido com a submissão dos povos perante um tirânico, seja este rei se estivermos perante uma monarquia ou noutro sistema politico qualquer. 


É evidente que o contexto histórico, social e cultural em que o filósofo está inserido influi bastante sobre a perceção que ele tem em relação a tudo. 


O mesmo   acontece com  cidadãos normais, pois o meio que nos envolve desde a família, amigos, ao país em que nascemos e assim sucessivamente vai formar em nós uma determinada opinião sobre os outros e sobre o mundo. 


La Boétie vive numa época de lutas contra protestantes aos anarquistas do sec. XX, em que o poder ou o domínio politico tem legitimidade para reprimir e dominar o povo. Nesta altura em que a brutalidade e repressão de Bordeaux comandada por Henrique II para diminuir o poder do parlamento é de tal forma que o vai sensibilizar. Por toda esta conjuntura La Boétie sente necessidade de explanar sobre a tirania. Pensa que o Homem em geral tem vontade de servir ou de se subjugar. Embora seja um paradoxo, segundo La Boétie pensa que isso se deve a vários fatores: 





1º - porque o povo quer e admite, pois o tirano é apenas uma pessoa contra muitos, daí não ser difícil de o combater ou de o vencer. 


2º - é uma forma de alienação sobre nós mesmos (o povo) e inexplicavelmente preferimos ceder a nossa liberdade. Por isso La Boétie chama-lhe de servidão voluntária.


3º - o terceiro ponto na minha opinião é o mais importante, porque é o que acontece em muitos países no sec XXI. 


Segundo o nosso filósofo, um só homem não consegue dominar um povo mas se o despótico for astuto e conhecer bem o âmago ou os principais interesses que movem determinados seres humanos, o opressor tenta escravizar os que lhes são mais próximos, os súbditos, através da ambição e ganância destes. Este é o ponto fulcral porque a partir daqui ele pode brincar com a ânsia que estes têm do poder e pode contar com eles para subjugar o povo. A partir daqui não será só um homem a dominar mas sim uma grande irmandade. 


Júlia Barbosa