Matéria 11º ano Filosofia, Retórica e democracia


Atualmente nos países democráticos estamos a assistir novamente E JÁ HÁ MUITO TEMPO no meio politico o que prevalece é o poder da palavra, utilizando a Retórica como um tipo de linguagem que convence e ilude as pessoas com um único objetivo omitir a verdade ou dizer apenas meias verdades. 



Sócrates e Platão definiram este discurso como uma arte ou representação inerente á política separando-a da filosofia porque esta defende apenas o conhecimento da Verdade.



A filosofia e a retórica nem sempre se compreenderam.

Na segunda metade do século V a.C. acontece uma grande mudança de interesses intelectuais no meio político e social da Grécia.

Enquanto no sec. VI a.C (anterior ao sec. V a.C.) a filosofia surge para substituir o mito pelo logos tendo como objetivo a explicação da realidade ou o seu funcionamento pelos primeiros pré-socráticos gregos , investigando assim a natureza humana, o universo físico, o comportamento social, politico e moral como também as suas consequências. 
Mas No sec. Va.C. as coisas mudam e os temas referentes à filosofia da natureza e à cosmologia deixam de ser alvo de interesse e os pensadores desta época passam a dar relevância a assuntos relacionados com o ser humano, com a moral, a educação e a politica.

Designou-se por mudança antropológica ou seja a filosofia é dirigida para os assuntos humanos. Os pioneiros desta mutação foram os intelectuais ou professores chamados Sofistas.

Górgias e Protágoras foram os primeiros sofistas, embora não fossem Atenienses , foi aqui que se tornaram conhecidos.

Temos também o filósofo Sócrates, Ateniense (nasceu no ano 470 a.C.) que pertenceu ao meio filosófico e cultural dos sofistas e ambos tinham interesse pelas mesmas questões: O Homem e os temas morais.

Sócrates difundia os seus ensinamentos oralmente, através de um colóquio direto com os seus conterrâneos e nunca escreveu nada sobre o que ia transmitindo aos seus alunos.

Fomos tendo acesso ás suas obras ou aos seus diálogos através do seu discípulo Platão. 

A imagem que Platão nos descreve sobre Sócrates, era de um pensador que refutava completamente a doutrina dos Sofistas mas que acabou por ser condenado á morte pelos seus compatriotas que o consideravam mais um sofista. 




AFINAL QUAL A DIFERENÇA ENTRE UM SOFISTA E SÓCRATES?

Os sofistas eram pensadores que surgem na segunda metade do sec. V.a.C. em que os seus ensinamentos abrangem disciplinas humanistas como: O DIREITO, A MORAL, RETÓRICA, POLITICA, ETC.

Fazem do ensino uma profissão e pela primeira vez surge alguém (sofistas) que exige uma remuneração( o que nunca acontecera anteriormente) por determinados cursos e institucionalizam o ensino. 
Extinguem com o ensino tradicional que também já se encontrava ultrapassado para os requisitos da época.

Estes pensadores ou professores surgem para dar resposta e aperfeiçoar teorias físicas anteriores e para solucionar problemas que aparecem com o sistema democrático em Atenas.

Os sofistas defendiam o RELATIVISMO ( não existe verdade absoluta) e o CETICISMO que sustentava que se existia verdade absoluta era impossível conhecê-la.

Protágoras (Sofista) fica famoso com a conhecidíssima frase “ o homem é a medida de todas as coisas “.

Com o aparecimento destes pensadores acaba por haver um rompimento definitivo com a filosofia grega anterior.

E com a chegada da democracia fazem se sentir mudanças e a sua liderança exige uma politica que passa pelo consentimento do povo, a genealogia já não era suficiente para governar . 

Há necessidade de uma pré-preparação para quem aspirava vencer na política. Um ateniense para controlar as massas tinha que ser um bom orador, ter perícia e destreza ao transmitir as suas ideias para o publico a fim de o cativar. Também tinha que possuir conhecimentos acerca da lei e assuntos inerentes á politica. 

Quem vai ensinar estes novos políticos( principalmente jovens)? São os sofistas com os seus ensinamentos de RETÓRICA, POLITICA, etc. 

A RETÓRICA é essencial para quem quer ascender a uma carreira politica, pois é uma arma feita de palavras, uma arte de persuadir e de convencer um determinado publico. 


Mas nota-se também um desenvolvimento nos Gregos devido à convivência com os sofistas porque estes tinham contactos com outros povos e outras culturas onde se constatava que as leis, valores e costumes variavam de região para região. Estes professores têm acesso a um relativismo cultural e como consequência também a um relativismo moral.

Este último é problemático porque a falta de concordância entre os homens sobre o que é justo e injusto, bom e mau acaba por inverter os valores de carácter moral. 

Sócrates entra em conflito com o ensino dos Sofistas. Vê nessa doutrina algo que não se identifica com a filosofia, amiga do saber e do verdadeiro conhecimento. 
E o que é justo ou injusto nos princípios sofistas depende da linguagem ou da retórica ou da técnica utilizada por estes professores e isso Sócrates não pode aceitar .

Segundo o nosso antigo filósofo achava que estes novos professores com este tipo de linguagem fugiam da verdade ou não transmitiam com rigor ou justeza a realidade aos Atenienses.

E sendo assim a possibilidade de entendimento entre os homens era inexequível.

Como decidir se uma lei é justa ou não, pois se cada pessoa entende por “justo” algo diferente. Há uma preocupação urgente em Sócrates em reconstituir a linguagem com significados objetivos e válidos para todos. 

A PARTIR DAQUI A procura da Verdade é um trabalho árduo para Sócrates que defende que a VERDADE E O BEM, SÃO ESTAS IDEIAS ,QUE INTERESSAM Á FILOSOFIA.

A procura da Verdade é a função do filósofo. Sócrates e Platão criticam os sofistas e definem a retórica como uma prática inerente ou representativa da politica. 

Estes filósofos não aceitam o relativismo de Protágoras considerando estes princípios de puras aparências que se distanciam da Verdade. 

Durante séculos Sócrates e Platão SEPARAM A FILOSOFIA DA RETÓRICA. 

Só no Sec. XX é que a retórica renasce novamente principalmente nos regimes democráticos.