Matéria do 11º ano para desenvolver:

A Filosofia e os outros saberes 
Realidade e verdade – a plurivocidade da verdade.


REALIDADE um conceito distinto da VERDADE embora haja uma ligação estreita entre as duas.


Podemos definir realidade trivialmente como tudo aquilo que realmente existe ou é por contraposição a uma simples aparência. Podemos dizer que é igual a SER ou EXISTIR.

Podemos denominar um SER em particular(realidade) ou um agrupado de seres em geral (realidade).

A REALIDADE é tudo o que existe autonomamente da consciência que raciocina, pensa ou compreende.
A realidade emerge como algo inalterável ou fixo e unidimensional e que podemos conhecer.

Se a realidade é tudo que existe independentemente da nossa consciência podemos então questionar-nos sobre o seguinte:

Existirá uma única verdade ou várias verosimilhanças ou por outras palavras haverá vários horizontes e perspetivas sobre a mesma verdade?

Qual das perspetivas é a mais verdadeira?

Então o que é a verdade?

Podemos aderir a um conhecimento verdadeiro da realidade?

Se existem várias formas de reconhecer ou de perspetivar a verdade então será valido afirmar que uma leitura é mais verdadeira do que outra?

Podemos dizer que a verdade de um filósofo é mais legitima ou verdadeira do que um físico?

Afinal o que entendemos por verdade? O que este conceito nos diz?





Precisamos de saber o significado do conceito de verdade. Este é um dos grandes desafios para a filosofia .

A verdade para um físico, para um filósofo, poeta, teólogo etc difere.

Como pode divergir entre pessoas do mesmo ofício. Já mencionamos num capitulo anterior que por detrás de um profissional está um homem interligado ao seu meio, á sua cultura, ás suas crenças e á época em que está inserido, portanto estes factores forçosamente interferem na forma como se examina a verdade seja em qualquer função exercida.

Por exemplo os físicos chamam realidade ao que conseguem ver através dos seus instrumentos .

Para eles o facto de poderem explicar de forma simples a natureza ou o mundo deixa-os maravilhados apesar da sua complexidade. O que para nós chamamos de milagres para eles não passam da possibilidade de compreenderem a realidade do universo.

O físico Max Plank (1858-1947) prémio Nobel da física descobriu o “quantum de energia” e demonstrou que através dos seus aparelhos conseguiu observar algo que a olho nu seria impossível. Graças ao crescimento e desenvolvimento que tem ocorrido na ciência, progressivamente nos vem a revelar as maravilhas ocultas na natureza ou no mundo. Estamos rodeados de coisas que não enxergamos naturalmente.



Isto levou-me a pensar no seguinte:

Um teólogo ou um padre poderá ou não recitar algo que venha ao encontro da física quântica? Ou da ciência ? Talvez seja um absurdo o que vou dizer mas tenho que questionar e meditar sobre isto.
Através da fé e da sua convicção ou da sua verdade um Padre na missa declama:

Creio em um só Deus
Pai todo-poderoso,
criador do céu e da terra
de todas as coisas visíveis e invisíveis

“De todas as coisas visíveis e invisíveis” não se estará a referir ás coisas ocultas no Universo e a coisas que observamos e essas mesmas são feitas de realidades que não vemos?

Não estarão a falar nas mesmas coisas o físico e o teólogo? mas em línguas diferentes? A linguagem da fé e a linguagem da ciência?

Não deixa de ser interessante este ponto de vista e refletirmos sobre ele.

Mas a filosofia também tem o seu método, a sua linguagem. Saber o que é a verdade constitui uma dos maiores desafios que a filosofia enfrenta.

A linguagem não é unívoca mas análoga.

A plurivocidade ou pluralidade de significados da palavra verdade está aliada a diversos temas que foram objeto de estudo em filosofia:

Verdade ontológica; verdade lógica; verdade como utilidade; verdade como consenso; verdade como perspetiva

Continua na próxima aula