Pensar Azul ( aula do 10º ano) e curiosidades – Aprender mais  

Religião, Razão e fé


O problema da Existência de Deus

A ligação do ser humano com o divino traz perguntas infindáveis desde os primórdios.
Os teístas ou crentes baseiam-se na fé e não na razão.
Os Ateístas querem respostas através de argumentos racionais  e são ceticos em relação á existência de um Deus “criado” pelas religiões.
Afinal devemos receber a fé de mãos  abertas  ou pesquisar  pela via da Razão “?

O que nos interessa saber:
O que significa  a palavra “Deus”  ou quem é “Deus”?
O que significa estudar pela via da Razão?
E o que é a fé?

Quem é “Deus”?
Será que  todos os Católicos e Cristãos  O definem da mesma forma? 
Não podemos esquecer que não existe uma só definição de Deus.  Mesmo dentro do catolicismo as pessoas sem  se aperceberem  vão definindo   Deus mas cada um á sua maneira.
Para uns Deus e o universo são a mesma coisa. São  os panteístas e não acreditam num Deus pessoal ou criador.
O Panteismo foi  defendido pelo filósofo  Espinosa, Bento (1632-1677) que foi  excomungado pela Sinagoga em 1656 e atacado pelos religiosos por causa do seu Tratado Teológico-Politico.
Os princípios metafísicos que ele defendia  é que:  “não existe outra substância  na natureza que não seja Deus” .


Espinosa interpreta a realidade como um processo único em que as partes se dirigem para o Todo que intitula como substância única ou DEUS OU NATUREZA que se veio a chamar de monismo  panteísta.
 É interessante a forma como ele apresenta a sua teoria em que esta substância existe por si mesma e não  foi criada, sem necessidade de recorrer a outra substância.
É uma substância única , infinita que se identifica com o todo. As partes não são auto-suficientes , unicamente o todo é.

Espinosa chama a esta substância DEUS OU NATUREZA.  Sustentou também  que o livre arbítrio é uma ilusão e que todos os acontecimentos são determinados  como também existe uma interdependência  entre as coisas (que denominou como extensão) e as ideias (que designou como pensamento) .
Temos também uma  maioria de Católicos que  acreditam num Deus criador exatamente como está escrito na Biblia.

Outros crêem  que Ele está dentro e fora do Universo , são os que defendem o Panenteísmo, em que Deus e Deuses estão  contidos no Universo embora sejam maiores que o Universo. Mas no Panenteísmo  a divindade é considerada também  transcendente a nós e a tudo sem perder a sua uniformidade.

Temos ainda o Pandeísmo que é uma mistura do panteísmo com o deísmo em que se afirma que Deus antecede o Universo sendo seu criador e ao mesmo tempo a sua Totalidade.

Um  deísta pode  afirmar a existência de Deus, mas não exerce nenhuma religião e  não nega a realidade de um mundo totalmente conduzido pelas leis naturais e físicas. A explicação de Deus pode variar para cada deísta. e resguardam  que Deus não intervém na existência dos seres humanos e nas leis do universo.

Temos depois a  maioria dos Cristãos como já referi acima e os Islamistas e Judeus que crêem num Deus que  depende de testemunhos mencionados nas escrituras sagradas.

Depois desta síntese e descrições (porque ainda faltam mais) de Deus faz-se a seguinte pergunta: Cada homem não tem o seu próprio Deus dentro de si mesmo? Não o interpretará cada um á sua maneira conforme a sua sensibilidade? As suas crenças?


Relativamente aos  Ateus que  não acreditam em Deus, alguns afirmam que acreditam neles mesmos, nas suas capacidades intelectuais e físicas, na vida, nos filhos e na família.
E é  isto que os faz sentir vivos, a família, os amigos, a vida. São eles  a razão da sua existência.
Podemos chamar á amizade, ao amor por nós mesmos e ao próximo Deus? Ser Ateu também não será uma religião?    

Então O que significa   fé? 
É uma disposição afetiva e emotiva para reconhecermos os mistérios da vida ou do universo de uma forma paciente, pacífica  em que simplesmente acreditamos em algo e não o questionamos porque  cremos  sem termos necessidade de algum tipo de demonstração empírica ou argumentação racional. Exemplificando: “Creio em Deus porque o sinto”; “Acredito Nele simplesmente e basta-me”
Mas também podemos ter uma posição ativa em que aceitamos esse enigma mas  procuramos esclarecê-lo.   

O que significa estudar pela via da Razão?
É a capacidade que temos em pesquisar acerca de temas subjetivos ou objetivos usando métodos racionais e lógicos..

Podemos abordar a realidade através da religião, filosofia e ciência ? . 
Na filosofia apareceu alguns  filósofos  que tentaram demonstrar que se podia fundir filosofia e religião foi o que aconteceu com S.Tomás de Aquino mas antes vamos falar de Sto Agostinho.

Aurélio Agostinho (354-430) foi um filósofo muito importante na transição da Antiguidade tardia para a Idade Média. Antes de se converter no Cristianismo foi professor de retórica.


Mais tarde na sua célebre obra “Confissões” que segundo ele foi uma alento divino que o conduziu á fé e que finalmente rompeu com um tempo de dúvida dando lugar a um tempo de tranquilidade afastou-se para o campo, onde veio a dedicar-se ao estudo de temas cristãos e filosóficos.

Este pensador não se preocupou em traçar fronteiras entre fé e a razão, contudo as duas eram precisas para o esclarecimento da verdade. O objetivo de Sto Agostinho é conduzir os crentes para a verdade cristã. A razão e a fé trabalham juntas. Em primeiro lugar a razão ajuda o homem a alcançar a fé. Depois a fé guia e ilumina a razão e por ultimo a razão ajudará  a esclarecer os conteúdos da fé. 

No sec XIII temos  S. Tomás de Aquino (1225-1274)  na Idade Média. Tentou unir a doutrina cristã à ideia cientifica de Aristóteles. Síntese da Teologia com Filosofia reconhecendo a diferença de métodos utilizados nas duas doutrinas. O alicerce da teologia seria a fé, o da filosofia a razão.

Tomás de Aquino sustenta  que algumas verdades são conseguidas através da luz da razão ou seja cientificamente e que outras á luz da Revelação (Deus), admitindo que  algumas verdades eram mostradas apenas á luz da Fé ou da Revelação.

No final da Idade Média e com o Renascimento emerge o progresso  do conhecimento cientifico e filosófico. O Cristianismo é colocado em causa e a razão e a fé ou a ciência e a religião distanciam-se.
Aparecem filósofos/matemáticos/cientistas com ideias novas ou descobertas cientificas  que vão contra os dogmas da religião  e alguns acabam assassinados porque põem  em causa os alicerces da Igreja.  

 Muitos destes pensadores são:  Galileu Galilei, Copérnico, o astrónomo Tycho Brahe, Kepler, Giordano Bruno.

A principal preocupação deles não é propriamente fazer frente á religião mas sim evidenciar a autonomia da Razão, o carater critico e analítico desta e a sua secularização, o que veio acontecer mais tarde com o iluminismo (sec. XVII-XVIII), ou seja o homem começa a pensar por si mesmo com autonomia e confiança e sai da menoridade e deixa os preconceitos que o limita.
O conceito   religião-teologia do mundo mantinha-se e sobrepunha à relação homem-Deus  Existia um Teocentrismo em que tudo era governado por Deus providente.



A secularização da Razão vem diminuir a relevância da fé em relação ao racional. A ideia racionalista da razão era sempre dirigida para o transcendente

Deus constituía o centro de tudo . Assim em substituição do Teocentrismo  virá a natureza que constituirá o centro e o ponto de referência que se chamará Fisiocentrismo. .

Face ao divino surge a fé no progresso e na capacidade  sem limites da razão e da humanidade.
  No século XVIII, na Europa dá-se uma revolução cientifica e o desenrolar do iluminismo  já anteriormente  iniciada por Copérnico e Galileu.


A filosofia moderna começa com Descarte sec XVII, Espinosa,  Leibniz, Berkeley, que tentam provar a existência de Deus.

René  Descartes derruba o sistema Aristotélico e surge a filosofia mecanicista onde este pensador pela primeira vez pode explicar a leia da inércia (principio fundamental da física). Mas este  não é  compatível com as teorias de Galileu (queda dos graves) e de Kepler (segunda lei).

O  projecto de Descartes ou Cartesiano em que defendia um universo inerte  acaba por causar desconforto no meio cientifico.

Surge então  Newton (1642-1722) com as suas definições sobre o espaço e  tempo. Sendo estes considerados absolutos. O espaço é imóvel, sempre igual a si mesmo e o tempo absoluto, verdadeiro e matemático.

Muitíssimo mais tarde surge-nos Albert Einstein um físico Alemão  (1879-1955) que desenvolveu  teoria da relatividade geral  ( pois segundo ele a mecânica newtoniana já não era suficiente). Esta teoria da R.Geral era  um dos dois pilares da física moderna  ao lado da mecânica quântica sem  esquecer que o Max Plank ( 1858-1947) é que foi o pai da fisica quântica.


Atualmente através da  física quântica  surgem novos  físicos e cientistas que tentam  através desta  demonstrarem a existência de Deus mas com conceitos completamente novos e diferentes dos filósofos/matemáticos   antigos.

E mais uma vez não poderemos esquecer qual o significado ou como estes cientistas definem Deus. Será de uma forma cientifica?  É possível juntar religião e ciencia ? Estará a ciência a entrar num novo paradigma através de novas noções em que a física quântica será a responsável por este novo modelo?
Para uma boa resposta aconselho a verem o vídeo: Entrevista com o Fisico Quântico Amit Goswami 


Observação
Muitos filósofos foram omitidos nesta síntese  devido á impossibilidade de os mencionar a todos.






Mesmo que tu já tenhas feito uma longa caminhada, há sempre um caminho a fazer. Santo Agostinho

Frases de Santo Agostinho